Desafios da nova genética

DESAFIOS DA NOVA GENÉTICA
Luís Archer
Edições Brotéria

Páginas: 135
Dimensões: 210x150 mm
Peso 210
Exemplar em bom estado
PREÇO: 9.00€
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PRÓLOGO
A Genética surgiu, nos princípios deste século, como a ciência da hereditariedade e da variação, que busca os porquês de um bebé ter ou não ter os olhos da mãe e a boca de pai.
Esses porquês foram primeiro encontrados nos cromossomas das células, em zonas localizadas chamadas "genes" Pelos meados do século, os genes foram dissecados até ao ponto de se poder identificar a molécula responsável pela hereditariedade o DNA ácido desorirribonucleico). Descobriu-se o modo como esta molécula exerce a dupla função de por um lado, comandar com grande especificidade a síntese de todas as proteínas, e, por outro, de se auto-replicar, sintetizando moléculas filhas de composição rigorosamente igual à sua própria.
A análise molecular dos genes foi levada a tal pormenor que veio a permitir, em combinação com outras descobertas, iniciar a engenharia genética, pela qual se consegue modificar geneticamente microrganismos, plantas, animais, e o próprio homem. E tecnicamente possível alterar geneticamente o ambiente nas espécies que o povoam, e melhorar a nossa própria espécie.
Acrescem as possibilidades da reprodução artificial, que permite povoar o mundo com seres humanos que não se originariam por processos naturais. Todos estes e outros progressos da nova genética trazem benefícios inegáveis, mas poem, simultaneamente, sérios desafios à nossa civilização e aos seus valores. Surgem, por um lado, as preocupações sobre eventuais perigos que tão drásticas modificações genéticas possam trazer ao ambiente e à saúde pública. Levantam-se, por outro lado, preocupações éticas nos casos em que as novas tecnologias possam ameaçar valores fundamentais da dignidade humana.
O âmbito de ambos estes tipos de preocupações, que se referem à qualidade da vida humana e ao futuro do homem ultrapassa as barreiras nacionais exige uma concertação internacional. Por isso, estas questões têm sido debatidas em comissões internacionais, assim como em numerosos congressos, grupos de trabalho ou centros de estudo constituídos para o efeito, e têm originado disposições normativas e legislativas.
Entre as comissões internacionais merecem especial men- ção as da European Science Foundation (Liaison Committee on Recombinant DNA Research), Conselho da Europa (Ad hor Committee of Experts on Ethical and Legal Problems rela- ting to Human Genetics; Ad hoc Committe of Experts on Progress in Biomedical Sciences; Group of Specialists on the Ecological Impacts of Gene Technology, CEE (Committer of Experts on the Risks of Biotechnology to the Environment), OCDE (Ad hoc Group on Safety and Regulations in Biote chnology; Group of National Experts on Safety in Biotechno- logy) e European Federation of Biotechnology (Working Party on Safety in Biotechnology
A nível nacional podem citar-se a Comissão para o Enquadramento Legislativo das Novas Tecnologias (junto do Ministério da Justiça), Centro de Estudos de Bioética (Coimbra) e o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (junto da Presidência do Conselho de Ministros).
Em todas estas comissões internacionais e nacionais tenho participado activamente. A abundante documentação al distribuída e produzida, assim como as correspondentes discussões, estão na base do presente livro. Ele pretende resumir os grandes debates levantados em torno da nova genética, e as soluções encontradas.
A genética, que entrou timidamente neste século como uma pura tentativa de explicação da hereditariedade natural, sai dele como uma ciência de reconstrução artificial dos seres vivos. Entrou como uma área de interesse estritamente cientifico, e sai agora como uma ciência que agita toda a socie dade. A nova genética constitui um forte desafio à humanidade no dealbar do novo milénio.

DA CONTRACAPA
As modernas tecnologias genéticas põem nas mãos do homem novos poderes sobre o mundo e sobre si próprio, que antes estavam reservados à natureza.

Pergunta-se dentro de que limites e em que condições esses novos poderes devem ser usados. Surgem, por um lado, preocupações sobre eventuais perigos que as modificações genéticas possam trazer ao ambiente e à saúde pública. Levantam-se, por outro lado, preocupações éticas, sociais e legais relativamente a ameaças à dignidade da pessoa humana. Estas preocupações têm sido amplamente discutidas em comissões organizadas por uma variedade de instituições internacionais (CEE, OCDE, Conselho da Europa, Parlamento Europeu, etc.) e nacionais, que têm estabelecido recomendações ou disposições legais.
Luís Archer tem participado activamente nessas comissões, e está de posse da abundante documentação aí produzida ou distribuída. Estes materiais, assim como a experiência ganha na sua discussão internacional, estão na base do presente livro. Ele resume os grandes debates levantados em torno da nova genética, neste dealbar do novo milénio.