Yukio Mishima - Genet seguido de O Condenado à Morte de Jean Genet
Edição Hiena de 1994
Tradução de Aníbal Fernandes

"Genet é a obscenidade que segue a par com a nobreza, o execrável e o sublime. Era seu sonho permanente reabilitar a miséria humana onde ele próprio se encontrava" Nascido de pai incógnito e logo abandonado pela mãe num asilo da Assistência Pública, será nele – órfão com vida apenas vivida em cenários de casas de correcção, prisões e espeluncas – que o séc. XX encontrará um místico entre os que tem de maior estatura. Um anjo que transporta a ferocidade em pleno rosto. O seu sonho permanente era “reabilitar” a miséria humana, onde ele próprio, Genet, se encontrava."
Yukio Mishima

O Condenado à Morte é um poema escrito em 1942 por Jean Genet, enquanto estava internado na prisão de Fresnes por roubo.

Le Condamné à mort é um longo poema dedicado a um jovem assassino, Maurice Pilorge, guilhotinado em 4 de fevereiro de 1939 em Rennes1, (17 de março no poema) personagem que o fascinava e que é objecto das fantasias descritas no poema.

Genet desenvolve os temas da homossexualidade e do amor entre prisioneiros, do fascínio pelo belo bandido e do baixo valor da vida para um ser excepcional que que para si era Pilorge. Uma elegia fúnebre ou oração, terna e arrebatada, umas vezes eivada de elevada espiritualidade outras carnal, soez, venal, cruzando-se belas e chocantes palavras, sentimento e sexo. A ferida aberta da perda eminente do objecto do nosso desejo, temática que será retomada por Genet no seu filme Un chant d'amour.